quarta-feira, 11 de julho de 2012


1

“Eis que cá estou, diante da escuridão urbana e da chuva onipresente.
Trago em meus braços uma vergonha, inconfundível.
Trago o segredo que me põe a caminhar ao abismo do horizonte.
Em panos de linho bordado, carrego o segredo, compreendido somente entre hienas, as quais vivem do próprio instinto e se esbanjam da grandeza de rir.”

O sol renasce! O sol transforma o véu da noite num degrade nas luzes celestiais. Os sabiás voam e cantam entre eles, a natureza ressoa bela, silenciosa, solitária e bela. E tal solidão é fardo carregado devido a homens civilizados, naturalizados em uma cultura plasticamente lúdica, porém persuasiva.

“Já faz dia, o cajado solar já despontou, e o segredo ao sol é revelado, mas diante do globo flamejante tal segredo permanece indiferente mesmo enquanto revelado, a própria exposição do segredo oculta-o.
Caminham cartomantes, homens civilizados, monges e andarilhos, e o segredo continua a mostra e permanece segredo aos olhos de todos.

Ofusca-se. Sim. Ofusca-se. Mas, Oxalá, não ofusca nenhuma visão nos dias de hoje. Ofusca-se os pensamentos. A própria imagem nos olhos é o esconderijo.

2.

“Lágrimas de ventura, derramo-as da alegria do alívio. Sabendo das aflições e da ânsia apreensiva, desvaneço o temor num impasse. Sou o Eterno Compassivo, me clamem de Eterno Compassivo, essa é a minha face real. Os sonhadores me sabotam nos próprios sonhos. Os realistas discursam sobre mim como argumento da dialética. Os instintivos dizem com veemência: Não obrigado. Mas sou o Eterno Compassivo, me clamem de Eterno Compassivo, só essa é a minha face real”.


Carrego o fardo do sacrifício concedido por Deus Pai, não pelo Filho e nem pelo Espírito Santo, e quem arriscaria em dizer tal heresia? Há ainda muita seriedade nos centros urbanos. Não seria justo dizer que cumpro deveres, ou faço justiça, ou exerço meu dom. Corro entre os mortais como vagabundo, injusto e mau vivant. Sendo assim, o mais solitário entre os altruístas, eu sim, eu cumpro deveres, eu faço justiça, eu exerço meu dom. Santifico e profano a minha própria identidade em meu nome, e me esqueço que eu quem piso no solo da Terra.

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