segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Nos verdes campos, prados compridos se alastravam brilhando ao sol radiante o verde florescente até o profundo horizonte. Ipês rosas, frondosas árvores de flores roxas transbordantes de vivacidade enchiam a natureza da mais substanciosa vitalidade que há dentre todas as criações divinas. Pequeninas flores cresciam tímidas inseridas naquela infinita imensidão, balançandinho pareciam que dançavam com o todo que ali existia em plena magia. O céu... Grande céu, azul feição, face do Pai Onipotente de pele macia e vasta, misericordiosa, mistério a plena luz do dia. Inundava de bênçãos todo o verde, e o verde no vento cantava em alegria entusiástica, vibrante em êxtase profundo. Assim inicia a história.
Caminhava tímido , olhava para o lado como se evitasse sentir a culpa pelo que acabava de acontecer, a tristeza deixava seus olhos abobados, distraia-se com as tristezas da natureza: folhas mortas, terra sem grama, pássaros em silêncio. Nada parecia ter mudado, fazia uma eternidade que tudo estava assim: os pássaros nunca tinham feito uma canção sequer. O vento soprava.
-Vento, ó ventinho... – dizia em tom de compreensão – você está tão fresco, eu estou um pouco triste, me contou já tantos segredos quando eu passava por aqui e agora ouve aqui o meu segredo.
O vento assoprava mais suave para não intimidá-lo com tal sinceridade que brotava do coração naquele instante.
Olho para frente, vejo tanto destino, pesado e longínquo destino, olho para trás vejo meu envelhecimento, poeira e rascunhos não terminados. Sempre tive os mesmo pés, o direito e o esquerdo de nenhuma outra pessoa que rodou por esse planeta senão meus e tão tão jovem, sinto meu calcanhar mais calejado que os ciganos que atravessaram os infindáveis desertos. Eis meu segredo: - por um instante não sabia se dizia, não sabia se podia, falar aquilo em voz alta e disse – não conheço nada sobre o amor.
O vento parou. O sol ficou nublado. Misterioso e intangível som surgiu do longe entre dois abismos de silêncio: um único pio efêmero.

O tempo – falava para seu vazio e para o vazio do mundo -  o tempo passa sob meus pés...

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